"Shakespeare não é melhor que os autores escoceses [...] Se você que romance peça-o a um escocês"
“Amor para um
escocês” é o livro 2 da série Escândalos & Canalhas da autora Sarah MacLean. O
primeiro volume - “Cilada para um marquês” – já foi resenhado aqui no DM.
Lillian
Hargroove é uma mulher solitária. Sem seus pais e sem qualquer outra pessoa que
a protegesse desde o falecimento do duque de Warnick (o duque número 1) ela tem
uma posição indeterminada na sociedade, pois não trata-se de uma aristocrata
para frequentar os grandes bailes da sociedade londrina, mas também não é de
todo desprovida de títulos para ter a amizade dos empregados da casa em que
mora. Em meio a saudade de sua família e a vida sem amigos, Lily conhece Derek
Hawkings durante a festa de São Miguel. Hawkings é um homem das artes, sendo o
principal ator de sua companhia de teatro e um pintor muito talentoso.
Com a ambição
de torna-se mundialmente famoso, o artista se inspira em Lily, cuja beleza é
incomparável, para desenvolver sua obra prima: “O maior nu de todos os tempos!”.
Não é preciso nem mesmo revelar a obra para que Lily ou Srta. Musa, como agora
é conhecida, caia na boca do povo e fique bem no centro de um imenso escândalo.
É diante desses acontecimentos que o então duque de Warnick é convocado para
salvar a honra de sua pupila.
Alec Stuart é
um escocês “grande demais, animalesco demais” para Londres. Sendo o 18º na
linha de sucessão de um ducado, Alec estava muito distante de suas raízes
inglesas e, assim sendo, ele ama a Escócia, onde vive e odeia ternos,
preferindo o seu kilt. Mesmo assim depois de uma sucessão de acidentes e incidentes com mais de 10 duques de Warnick nos últimos anos o escocês torna-se responsável por toda a fortuna dos Warnick. Ele se envolvia o mínimo possível com suas
propriedades em Londres e visitava a cidade apenas para assuntos urgentes.
Desse modo ele nem ao menos sabia da existência de Lily, muito menos de que ela
era sua responsabilidade. Mas agora ela estaria arruinada a menos que ele
interviesse e é exatamente o que ele faz.
Lily é uma
mocinha de personalidade muito forte. Uma mulher livre e dona de sua própria vida.
A jovem vive a se questionar a diferença das obrigações sociais entre homens e mulheres e com isso tem a certeza de que não
precisa de nenhum guardião que lhe sirva como herói. Alec é um protagonista atormentado
com um passado amargo envolvendo a Inglaterra. O “Bruto escocês” é um homem
orgulhoso e teimoso além de ser “inadequado” à Londres. A convivência entre
essas duas personalidades fortes rende boas risadas e um romance no mínimo
interessante.
Eu estava
desesperada para ler o volume 2 dessa série, uma vez que “Cilada para um
marquês” tornou-se imediatamente meu romance histórico preferido. Confesso para
vocês que me decepcionei um pouco. Não sei se o que pesou foi o excesso de
expectativa, mas achei esse volume bem inferior ao anterior, o que não o torna
um livro ruim. Digo isso porque na minha opinião "Cilada para um marquês" é que está acima da média.
O que me
chamou atenção foi que a escrita de Sarah MacLean permanece impecável. É uma
leitura muito agradável. Não sei explicar, mas gosto de como ela dosa entre
diálogos e narrativa, de como ela divide os capítulos, que aqui continuam
seguindo a mesma lógica do livro anterior.Cada capítulo parece ser um volume do
jornal de fofocas “Escândalos & Canalhas”. A ambientação do livro também é maravilhosa.
A autora tem o cuidado de descrever todos os ambientes perfeitamente sem se
tornar cansativa. Também gostei de como ela encaixou os personagens que já
haviam sido apresentados no livro 1 a este. Não é essencial a leitura do
anterior para a compreensão da estória de Lily e Alec, mas tem algumas
referências que apenas quem leu vai compreender. Sesily, que vem a se tornar
uma grande amiga de Lily foi apresentada no volume anterior. O marquês e
marquesa de Eversley (protagonistas do primeiro livro) também aparecem em
algumas cenas.
A ideia da
inversão de papéis entre Lily e Alec do ponto de vista social também me pareceu
muito interessante. Lily, que aos olhos da sociedade está arruinada, permanece
altiva e forte, pretendendo resolver seus próprios problemas enquanto Alec, que
conta com todas as regalias e permissões sociais de ser um homem é quem sofre
por sua reputação, pelos erros que cometeu no passado e é rejeitado apesar de
seu ducado. Mas lá pelo meio do livro eu já estava de saco cheio da insistência
nesse assunto. Acho que não precisava fazer essa abordagem a todo momento. A discussão dessa diferença entre homens e mulheres aos olhos da sociedade é importantíssima, mas aqui tornou-se cansativa. Também acho que a verdade sobre o passado de Alec foi revelada tarde demais o
que fez o livro ter um início mais arrastado e um final com muitos acontecimentos
ao mesmo tempo. Ficou parecendo final de novela das 9h, sabe? Quando tem que
fazer um último capítulo de 2h para dar tempo de revelar quem matou quem, para
casar todos os casais apaixonados e se livrar todos os vilões? Pois é esse foi
um dos pontos negativos.
Outra coisa
que me incomodou foram as cenas de sexo. Elas também estão acumuladas no terço
final do livro, mas, para o gênero que se trata, achei as cenas carregadas
demais. Não que romances históricos não tenhas essas cenas, a maioria narra as
primeiras relações intimas entre os protagonistas, mas os termos escolhidos e a
extensão das cenas nesse caso ficou mais parecida com livros hot que com
romance de época. Acho que ficou pouco para nossa imaginação.
Deem uma
chance a esse livro, principalmente se já leram o primeiro e comentem aqui!!
Obs: Livro recebido em parceria entre a Editora
Gutemberg e a Aliança de Blogueiros do Rio de Janeiro.